As manifestações neurológicas de pacientes acometidos por COVID-19 chamam a atenção de cientistas de todo o mundo e são motivo de diversos estudos científicos, a maior parte deles ainda em andamento, com um objetivo único: entender a relação do vírus com o cérebro humano.

Em uma live realizada pelo Método SUPERA para todo o Brasil nesta quarta – feira (17) por ocasião da Semana Mundial do Cérebro – uma parceria do SUPERA com a Dana Foundation, instituição americana ligada a pesquisas na área do cérebro, os especialistas Adalberto Studart Neto, médico assistente Neurologista da Clínica Neurológica do Hospital das Clínicas da FMUSP (Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo) e Mônica Yassuda Mestre e Doutora em Desenvolvimento Humano pela Universidade da Flórida (EUA), destacaram que, embora a maioria dos estudos ainda continue em andamento, já se sabe que o vírus tem alguma predileção por regiões importantes do cérebro, como a área responsável pela concentração, atenção e memória.

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“Nós já temos dados no Brasil mostrando as diversas facetas dos distúrbios neurológicos da COVID-19. Diversas regiões cerebrais funcionando de forma alterada, mesmo três meses após o COVID. A doença é muito mais complexa do que poderíamos imaginar e uma das conclusões é que não é exatamente o vírus entrando no cérebro, mas sim o que o vírus faz no organismo que repercute no cérebro, já que o Covid-19 é uma doença sistêmica, ou seja: que afeta vários sistemas importantes do organismo”, explicou o neurologista.

Já Mônica Yassuda destacou, entre outros pontos, as consequências cognitivas da doença, decorrentes do seu impacto sobre o cérebro.

“O mais importante de forma geral, é chamar a atenção para a necessidade das pessoas na fase de recuperação da COVID-19, quando saem no hospital. Os pacientes, além da avaliação física, também devem passar por uma avaliação neuropsiquiátrica, com um olhar atento às questões da saúde mental e da cognição e em especial nos processos de alta, já prevendo que poderão ter dificuldades em tarefas cotidianas. É muito importante que essas avaliações sejam repetidas para que o acompanhamento da cognição aconteça no processo de recuperação”, disse.

Mônica Yassuda e Adalberto Studart ao lado do diretor do SUPERA Online Luís Moraes

Os efeitos da COVID no cérebro

Em todo Brasil, milhares de pessoas que sobreviveram à doença se queixam das chamadas ‘sequelas do COVID’ ou ‘COVID longa’, com sintomas diversos, que vão desde perda de paladar e olfato até dificuldades para resgatar informações, dificuldades com concentração e atenção. Segundo a pesquisadora, os trabalhos científicos até agora convergem para mostrar que podem existir sequelas cognitivas trazidas pela COVID-19.

“São sequelas que tendem a melhorar com o tempo, e com a recuperação da pessoa, mas, como vimos nos estudos trazidos durante a live, a porcentagem de pessoas que apresentam essas queixas e desempenho ruim nos testes cognitivos é bastante elevada, então tem sido um fenômeno bastante comum. Os trabalhos publicados até agora sugerem que as queixas cognitivas mais frequentes são as dificuldades com a atenção, concentração, memória operacional, que é a capacidade de manter dados na mente e trabalhar com eles e dificuldades com as funções executivas, mais do que a perda de memória, mas é possível também que estas dificuldades com atenção e concentração afetem a memorização. Então se você não está conseguindo prestar atenção em um artigo de jornal que você está lendo você vai ter dificuldade para memorizar. No entanto, a maior parte dos trabalhos não dá destaque à perda de memória, mas, sim, a dificuldades na atenção e disfunção executiva”, pontuou Mônica.

Doutora Mônica durante a live: vários estudos caminham em diferentes partes do mundo

Em concordância com a pesquisadora, o neurologista assistente da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, Adalberto Studart Neto, chamou atenção para o acompanhamento psiquiátrico e cognitivo no pós COVID.

“Sintomas psiquiátricos muitas vezes tem essa ligação com questões cognitivas, isso sem dúvida. Nós trabalhamos com fármacos e drogas para o tratamento desses transtornos psiquiátricos, mas, sem dúvida, a reabilitação cognitiva pode oferecer um ganho para as pessoas no pós COVID junto com a abordagem psiquiátrica em alguns casos”, pontou.  

Os pesquisadores aproveitaram a oportunidade para falar ainda sobre algumas das principais linhas de pesquisa no mundo sobre a COVID-19 e o cérebro.

Estudos ainda estão em andamento

“Em fevereiro foi publicada uma revisão sistemática com vários trabalhos analisados em conjunto. Este estudo, incluindo dados de vários países, a maioria deles do Canadá, observou que 77% das pessoas acompanhadas apresentaram algum grau de alteração cognitiva. Neste levantamento, entre os pacientes com a doença, o delirium foi a condição mais comum: desorientação, incapacidade de pensar com clareza e prestar atenção e flutuações do nível de consciência, com possíveis causas associadas à inflamação sistêmica. Após a alta hospitalar, alguns pacientes talvez precisem de reabilitação cognitiva, mas hoje existem vários recursos que são aplicados em larga escala, desde softwares, jogos, que podem ser úteis neste processo de recuperação”, explicou Mônica.

Isso vai passar?

O principal alerta dos especialistas no pós COVID é para a permanência de sequelas que podem se tornar crônicos.

“A maior parte dos pacientes tem queixas que tendem a melhorar, principalmente sintomas de ansiedade.  Porém, alguns sintomas podem se tornar crônicos se não tratados, como a depressão. Já a ausência de olfato e paladar, é bem variável, tem pessoas que demoram semanas e tem pessoas que demoram meses para recuperar, mas a princípio, todos recuperam sim”, disse o médico.

Milhões de pessoas que tiveram a nova doença reclamam de sequelas pós infecção

“Com a recuperação da saúde, este quadro de confusão mental aguda e alterações de atenção e funções executivas vão gradualmente desaparecendo, mas acho que é importante que as pessoas estejam atentas a uma possível cronificação, então se alguns meses se passaram, você não está dormindo bem, tem sintomas depressivos, ou outros sintomas, busque ajuda especializada para enfrentar possíveis sequelas”, completou Mônica.

O especialista chamou atenção ainda para doenças que podem ser manifestadas no cérebro após a infecção com a COVID -19.

“Nós estamos falando de COVID, mas já é sabido que qualquer paciente grave que fique na UTI tem um prejuízo cognitivo que persiste de semanas a meses, e esses pacientes se recuperam. A maioria dos pacientes tende a melhorar. Quando não melhoram, é importante investigar a causa porque pode ser que a COVID acelere a manifestação de alguma doença que já estava se desenvolvendo no cérebro”, alertou o médico

Neuroplasticidade e reserva cognitiva

A reserva cognitiva é um conceito científico baseado na capacidade do cérebro de suportar agressões de doenças, construída ao longo da vida. Esta reserva, ainda difícil de ser quantificada, segundo doutora Mônica, pode ser importante na resposta de pacientes a doenças graves, como a COVID -19.

“Quando uma pessoa tem uma reserva cognitiva elevada, e ela é acometida por uma doença neurodegenerativa, como a doença de Alzheimer, por exemplo, ela deve demorar mais tempo para manifestar sintomas, possivelmente porque seu cérebro consegue estabelecer processamentos compensatórios.

A reserva cognitiva pode ser importante fator na resposta ao vírus

Os estudos epidemiológicos informam que alguns fatores podem nos ajudar na construção desta reserva: estudar muitos anos, ter uma educação de qualidade ao longo de toda a vida, uma boa alimentação e a prática de atividades físicas e cognitivas.

Assim, como nós tratamos a saúde de vários órgãos, precisamos cuidar da saúde do cérebro, contribuindo com a formação da reserva cognitiva”, disse Mônica.

Já doutor Adalberto lembrou que o conceito de reserva cognitiva é comprovado cientificamente e chamou a atenção para a mudança de mentalidade, que deve estar hoje muito mais ligada à prevenção.

“Existe um estudo importante Finlandês, (estudo FINGER) publicado em 2015 em que um grupo de pessoas fizeram atividades físicas, atividades cognitivas, acompanhamento nutricional e outro grupo que não fez isso. O grupo que participou desta intervenção teve melhor desempenho cognitivo no pós teste. Este conceito tem comprovação científica e está cada vez mais sendo levado a sério. Nós falamos muito em remédio, mas é necessário mudar esta mentalidade para atuar mais na prevenção”, disse o médico.

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